Natal, quando nem tudo é o que parece.

Aquela ideia que o natal é uma época de paz e serenidade, altura para passar mais tempo em família, nem sempre é assim.

É possível apontar inúmeras razões para o Natal ser uma altura do ano de maior angústia e ansiedade. Eis algumas:

– famílias destruturadas onde a “obrigação” de estarem todos juntos torna-se um verdadeiro tormento;

– famílias aparentemente saudáveis em que o “ter” de parar para se verem uns para os outros sem ser na correria do dia-a-dia chega a incomodar;

– famílias pequenas que olham para as famílias grandes e cheias de tradições natalícias com alguma pena por não partilharem da mesma experiência e ainda se sentem mal por pensarem dessa forma;

– famílias grandes e tradicionais onde encontramos de tudo: os que acham que o natal é assim e é com dificuldade que se revêem noutro contexto; os paternalistas que ao verem famílias satélites mais pequenas querem “engoli-las” para dentro da sua; os que acham que é tudo uma fachada, pessoas que não se falam durante o ano inteiro, naquela noite comportam-se como sendo os melhores amigos;

– limitações de ordem financeiras que parecem maiores perante o desenfreado apelam ao consumo por parte das marcas;

– a solidão, pessoas que não têm família, e que sofrem ainda mais numa altura em que é suposto ser passado junto dos que mais gostamos. E se os que mais gostamos não podem passar connosco? E se os que mais gostamos já partiram?

– pessoas com fobia social, que não gostam de estar no meio de muita gente e não vêem alternativa numa época como esta.

Podia enumerar muitas outras razões mas vou terminar por aqui, com a que se prende mais diretamente com um dos temas mais falados no blog, a alimentação.

Especialmente no Natal a mesa tem de ser farta! Farta do bom e do menos bom, porque as tradições existem e, como bons portugueses que somos, fazem sentido serem mantidas. Nessa altura resta-nos ter o bom-senso e auto-controlo para saber o que podemos e devemos comer,  preparar-nos para o que aí vem e, quando chega a hora de comer, fazer “sem culpa”.

Devem estar a achar estranho esta partilha, que parece toda ela envolta de uma nuvem negra, quando o mote das “good vibes” está sempre tão presente em tudo o que escrevo.

Ocorreu-me partilhar este ponto de vista para que as pessoas que se revêem em alguma das situações acima descritas percebam que não estão sozinhas, que há muitas outras pessoas a viverem realidades idênticas.

A grande questão passa pela aceitação daquilo que temos e que faz parte da nossa história. Na verdade a maior ansiedade e angústia vem da permanente comparação que fazemos com as realidades que vivem ao nosso lado.

No fundo o que todos queríamos era continuar a viver a Fantasia do Natal como na altura em que “e o coelhinho foi com o pai Natal no comboio ao circo…”

Feliz Natal!

It’s Up to You!

Raquel